Recordar João Soares Louro
Grande Oriente Lusitano
João Soares Louro faleceu há pouco mais de um ano. Algarvio de alma e coração, nascido a 12 de Fevereiro de 1933, frequentou a Casa Pia, instituição a que ficou indelevelmente ligado. Foi um dos mais influentes e marcantes gestores da RTP e, também, um grande maçon, como um dia dele disse António Reis, actual Grão-Mestre do GOL- Maçonaria Portuguesa. O nosso irmão Pimenta, da Loja Alberto Sampaio, onde Soares Louro foi obreiro, recordou-o numa sentida prancha que aqui reproduzimos.
Um grande maçon
Soares Louro foi membro do I Governo Constitucional, ocupando o cargo de Subsecretário de Estado para a Comunicação Social, Deputado do Partido Socialista entre 1976 e 1978, gestor de várias empresas públicas, RTP, RDP, Rádio Televisão Comercial, Expo 98, Parque Expo, entre outras, e colaborador das Universidades Fernando Pessoa e Nova de Lisboa.
No entanto, o seu percurso profissional e humano estará indissoluvelmente associado à RTP, para onde entrou como escriturário, aos 24 anos, tendo exercido várias funções antes de ser um dos seus mais influentes e marcantes gestores. Presidente do Conselho de Administração, durante menos de dois anos, entre Março de 1978 e Fevereiro de 1980, nem por isso Soares Louro deixou de transformar profundamente a estação pública portuguesa de televisão, no desenvolvimento da RTP2 como canal autónomo, na passagem do preto e branco à televisão a cores e no reequipamento técnico da empresa.
Farense por nascimento e opção clubística, casapiano, socialista e maçon, Soares Louro foi reconhecidamente um modelo de competência e dedicação na gestão da coisa pública. Era também um homem sensível, solidário, de trato fácil, informal e frontal, com perfil de líder, tolerante, com um apurado sentido de humor, bom conversador e amante das coisas boas da vida. Em suma, o João cultivava as virtudes dos homens livres e de bons costumes.
O Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, António Reis, definiu o antigo presidente da RTP Soares Louro como um «grande maçon, a quem Portugal e a televisão portuguesa muito devem». Recordou também que o conheceu pessoalmente na manhã de 25 de Abril de 1974, quando participou como militar na ocupação dos estúdios da RTP. «Não mais esquecerei a preciosa ajuda que então Soares Louro nos deu para colocarmos a emissão no ar, num momento em que ainda não estava assegurado o desfecho vitorioso da revolução. Soares Louro viria a ser 4 anos mais tarde um grande presidente da RTP, promovendo uma radical melhoria do seu serviço público, nomeadamente através da autonomização do seu segundo canal, confiado a Fernando Lopes», referiu a António Reis.
Foi com a sua coordenação que se realizaram as comemorações do Bicentenário do Grande Oriente Lusitano, entre 2002 e 2004, tendo sido presidente da Comissão das Comemorações do Bicentenário e do II Encontro de Maçonaria Latina. Em 2002 disputou as eleições para o Grão-Mestrado enquanto Grão-Mestre Adjunto. João Soares Louro era obreiro destacado e membro honorário da Loja Alberto Sampaio, a Oriente de Viseu, membro honorário da Loja Universalis, a Oriente de Lisboa, e membro do Grande Conselho Maçónico desde 2006, por nomeação do Grão-Mestre António Reis.
Sofreu dois acidentes vasculares cerebrais entre Dezembro de 2006 e Fevereiro de 2007. O último levou-o à Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de Santa Maria, onde permaneceu dois meses, até à sua passagem ao Oriente Eterno, pouco dias após o equinócio da Primavera, a 26 de Março de 2007. Tinha 74 anos.
Pimenta, Loja Alberto Sampaio