PEQUI É FRUTO NOBRE - Artigo do Grão Mestre Barbosa Nunes
Apesar de ser considerado como fruto sem grande valor, muito comum, um “primo pobre das frutas”, o pequi que é uma árvore nativa do cerrado brasileiro, produz fruto tipicamente goiano, também muito utilizado na cozinha nordestina e no Mato Grosso. Tem alto valor na alimentação e exige ritualística para o seu consumo, diferente de algumas frutas nobres como uva, maçã, pêra, morango, caqui e outros, que são consumidos com rapidez e facilidade. Seu nome científico é Caryocar brasiliense.
É um símbolo do estado de Goiás, onde podem ser encontradas todas as variedades, com grande produção entre setembro e fevereiro. Existe também na Bolívia. No estado do Tocantins, há uma cidade com o nome de Pequizeiro. Todos os anos acontece a “Festa do Pequi”, em homenagem à árvore e o seu fruto. Em Minas Gerais, há um município denominado Pequi, distante 128 km de Belo Horizonte, onde ocorre uma tradicional festa denominada Expo Pequi.
Japoneses patentearam uma propriedade do óleo de pequi, batizada de CSL (Chemical Strengthener Layer), que, segundo as pesquisas, basta adicionar 50 mililitros de óleo de pequi a 4 litros de óleo mineral, para que se consiga o efeito da superdureza em qualquer material metálico.
Do pequi é extraído o azeite de pequi. É consumido cozido, puro ou juntamente com arroz e frango. Exige ritualística e cuidado de quem o consome. Sua polpa macia e saborosa deve ser comida com bastante cuidado, uma vez que a mesma recobre uma camada de finos espinhos. Se mordidos, fincam-se na língua e no céu da boca, provocando dores intensas. Portanto, há uma técnica de degustação do pequi, devendo ser comido apenas com as mãos, jamais com talheres, e levado à boca para ser, cuidadosamente, roído com os dentes, até que a parte amarela comece a ficar esbranquiçada. Neste momento, é hora de parar, antes que os espinhos apareçam.
O fruto do pequizeiro já foi muito utilizado na fabricação de sabão caseiro com propriedades terapêuticas. A massa do fruto é misturada a um líquido retirado das cinzas da árvore “Mamoninha”, mistura que levada ao fogo produz um sabão bastante macio, usado para lavar roupas, utensílios e higiene pessoal, pois faz bem para a pele e cabelos.
Seu sabor e aroma são muito marcantes e peculiares. Por isto, eis mais um motivo de você consumi-lo com os devidos cuidados. Com a mão, roendo o caroço, mas sem pressa e normalmente no almoço, em feriados, sábados, domingos, tempo de férias. Se você comer o pequi e ir para o trabalho, uma reunião social, o forte e inconfundível aroma o identificará. No jantar não é muito aconselhado, especialmente, tarde da noite.
No ano de 2001, o então senador pelo Rio de Janeiro, Saturnino Braga, retirou-se de uma sessão no Senado Federal, queixando-se de dores na boca. Examinado foi identificado pelo médico que os ferimentos causadores da dor, foram originados pouco antes quando comia uma de suas iguarias favoritas, o pequi.
O pequi é rico em vitaminas A, C e E, em sais minerais (fósforo, potássio e magnésio) e em carotenóides, que evitam a formação de radicais livres no corpo e previne a formação de tumores e doenças cardiovasculares. Não faz mal ao organismo nem provoca aumento de colesterol, comprovado pela experiência do biólogo Sérgio Grisólia, da Universidade de Brasília. Cozido ou congelado, preserva suas propriedades nutritivas ao contrário do que ocorre com a maioria dos vegetais. Sua polpa é altamente calórica.
A nutricionista Maria Naves, quanto ao sabor do pequi afirma: “Não há gosto similar”. “Ou você ama ou você odeia”, afirma o professor Grisólia.
O fruto foi descoberto pelos chefes de cozinha. Na capital Paulista existe um fino restaurante com o nome da fruta, Restaurante Pequi.
Além do consumo com frango ou arroz há outras formas de consumi-lo, como licor, picolé, farinha de amêndoa, óleo para tratamento de bronquites, gripes e resfriados, cremes, xampu e sabonetes, pois o caroço do pequi tem efeito revigorante para a pele e o cabelo. Também em conservas, hoje muito disponibilizadas nos mercados, porém, os tradicionais consumidores do pequi afirmam que sem o roer o caroço, não comê-lo com as mãos, não lambuzar a boca com óleo, o pequi perde o gosto.
A cultura popular diz que o perfume do pequi desperta paixões e que tem propriedades afrodisíacas. Durante a safra do pequi as mulheres engravidam com mais facilidade.
Patativa do Assaré, agricultor cujo nome é Antônio Iraildo Alves de Brito, cantador, poeta, violeiro, repentista e cordelista, com obra imortalizada, fala que Adão e Eva com satisfação, sem canseira, não precisando trabalhar e em meio a uma fartura de variedades frutíferas, comeram fruto de uma árvore proibida. Comparou “a fruta do pecado” com o pequi, que tem aroma forte e atrativo, de modo que se alguém chega numa casa onde se está preparando a comida com esse fruto, logo sente o cheiro.
Simbolicamente e com boa interpretação, no caroço há espinhos minúsculos e se não houver cuidado necessário, quem o consome pode se ferir, e assim Patativa se expressou:
“Dos otos todos tirava/ e comia a se fartá;/ mas daquele não comia./ Pruquê comendo, fazia/ grande pecado mortá. Esse fruito do pecado/ parece que tinham un quê,/ que a gente vendo ficava/ com vontade de comê./ Seu dotô, eu não sei não,/ mas faço avaliação/ que aquele fruito dali/ agradava a nosso orfato, como essa fruita do mato/ que o povo chama de PIQUI.”
Concluindo este artigo, considerando o pequi como fruto nobre e homenageando Bariani Ortêncio, folclorista, escritor, poeta membro da Academia Goiana de Letras, que lançou este ano em sétima edição o livro “Cozinha Goiana” – Editora Kelps, com 1200 receitas, indico uma receita pessoal de arroz com pequi, porém lembrando que o pequi não se come. Se rói com muita parcimônia e delicadeza.
Ingredientes: Um litro de pequi lavado “com polpa carnuda”, meia xícara de chá de óleo ou banha de porco, 3 dentes de alho espremidos, uma cebola picada, 5 xícaras de chá de arroz, 4 xícaras de chá de água quente, sal a gosto, pimenta de cheiro ou malagueta a gosto, salsinha, cebolinha picada a gosto.
Coloque o pequi no óleo ou banha fria, acrescente o alho e a cebola e deixe refogar em fogo baixo, mexendo sempre com uma colher de pau para não grudar na panela. Respingue um pouco de água quando for necessário, acrescentando o arroz e deixando fritar, depois que a água secar e o pequi estiver macio. Junte água, sal e quando o arroz estiver quase pronto, coloque a pimenta de cheiro ou malagueta a gosto. Na hora de servir, jogue salsa e cebolinha e um pouco de pimenta no arroz.
A todos um bom apetite!
Barbosa Nunes, advogado, ex-radialista, delegado de polícia aposentado, professor e Grão Mestre da Maçonaria Grande Oriente do Estado de Goiás
Japoneses patentearam uma propriedade do óleo de pequi, batizada de CSL (Chemical Strengthener Layer), que, segundo as pesquisas, basta adicionar 50 mililitros de óleo de pequi a 4 litros de óleo mineral, para que se consiga o efeito da superdureza em qualquer material metálico.
Do pequi é extraído o azeite de pequi. É consumido cozido, puro ou juntamente com arroz e frango. Exige ritualística e cuidado de quem o consome. Sua polpa macia e saborosa deve ser comida com bastante cuidado, uma vez que a mesma recobre uma camada de finos espinhos. Se mordidos, fincam-se na língua e no céu da boca, provocando dores intensas. Portanto, há uma técnica de degustação do pequi, devendo ser comido apenas com as mãos, jamais com talheres, e levado à boca para ser, cuidadosamente, roído com os dentes, até que a parte amarela comece a ficar esbranquiçada. Neste momento, é hora de parar, antes que os espinhos apareçam.
O fruto do pequizeiro já foi muito utilizado na fabricação de sabão caseiro com propriedades terapêuticas. A massa do fruto é misturada a um líquido retirado das cinzas da árvore “Mamoninha”, mistura que levada ao fogo produz um sabão bastante macio, usado para lavar roupas, utensílios e higiene pessoal, pois faz bem para a pele e cabelos.
Seu sabor e aroma são muito marcantes e peculiares. Por isto, eis mais um motivo de você consumi-lo com os devidos cuidados. Com a mão, roendo o caroço, mas sem pressa e normalmente no almoço, em feriados, sábados, domingos, tempo de férias. Se você comer o pequi e ir para o trabalho, uma reunião social, o forte e inconfundível aroma o identificará. No jantar não é muito aconselhado, especialmente, tarde da noite.
No ano de 2001, o então senador pelo Rio de Janeiro, Saturnino Braga, retirou-se de uma sessão no Senado Federal, queixando-se de dores na boca. Examinado foi identificado pelo médico que os ferimentos causadores da dor, foram originados pouco antes quando comia uma de suas iguarias favoritas, o pequi.
O pequi é rico em vitaminas A, C e E, em sais minerais (fósforo, potássio e magnésio) e em carotenóides, que evitam a formação de radicais livres no corpo e previne a formação de tumores e doenças cardiovasculares. Não faz mal ao organismo nem provoca aumento de colesterol, comprovado pela experiência do biólogo Sérgio Grisólia, da Universidade de Brasília. Cozido ou congelado, preserva suas propriedades nutritivas ao contrário do que ocorre com a maioria dos vegetais. Sua polpa é altamente calórica.
A nutricionista Maria Naves, quanto ao sabor do pequi afirma: “Não há gosto similar”. “Ou você ama ou você odeia”, afirma o professor Grisólia.
O fruto foi descoberto pelos chefes de cozinha. Na capital Paulista existe um fino restaurante com o nome da fruta, Restaurante Pequi.
Além do consumo com frango ou arroz há outras formas de consumi-lo, como licor, picolé, farinha de amêndoa, óleo para tratamento de bronquites, gripes e resfriados, cremes, xampu e sabonetes, pois o caroço do pequi tem efeito revigorante para a pele e o cabelo. Também em conservas, hoje muito disponibilizadas nos mercados, porém, os tradicionais consumidores do pequi afirmam que sem o roer o caroço, não comê-lo com as mãos, não lambuzar a boca com óleo, o pequi perde o gosto.
A cultura popular diz que o perfume do pequi desperta paixões e que tem propriedades afrodisíacas. Durante a safra do pequi as mulheres engravidam com mais facilidade.
Patativa do Assaré, agricultor cujo nome é Antônio Iraildo Alves de Brito, cantador, poeta, violeiro, repentista e cordelista, com obra imortalizada, fala que Adão e Eva com satisfação, sem canseira, não precisando trabalhar e em meio a uma fartura de variedades frutíferas, comeram fruto de uma árvore proibida. Comparou “a fruta do pecado” com o pequi, que tem aroma forte e atrativo, de modo que se alguém chega numa casa onde se está preparando a comida com esse fruto, logo sente o cheiro.
Simbolicamente e com boa interpretação, no caroço há espinhos minúsculos e se não houver cuidado necessário, quem o consome pode se ferir, e assim Patativa se expressou:
“Dos otos todos tirava/ e comia a se fartá;/ mas daquele não comia./ Pruquê comendo, fazia/ grande pecado mortá. Esse fruito do pecado/ parece que tinham un quê,/ que a gente vendo ficava/ com vontade de comê./ Seu dotô, eu não sei não,/ mas faço avaliação/ que aquele fruito dali/ agradava a nosso orfato, como essa fruita do mato/ que o povo chama de PIQUI.”
Concluindo este artigo, considerando o pequi como fruto nobre e homenageando Bariani Ortêncio, folclorista, escritor, poeta membro da Academia Goiana de Letras, que lançou este ano em sétima edição o livro “Cozinha Goiana” – Editora Kelps, com 1200 receitas, indico uma receita pessoal de arroz com pequi, porém lembrando que o pequi não se come. Se rói com muita parcimônia e delicadeza.
Ingredientes: Um litro de pequi lavado “com polpa carnuda”, meia xícara de chá de óleo ou banha de porco, 3 dentes de alho espremidos, uma cebola picada, 5 xícaras de chá de arroz, 4 xícaras de chá de água quente, sal a gosto, pimenta de cheiro ou malagueta a gosto, salsinha, cebolinha picada a gosto.
Coloque o pequi no óleo ou banha fria, acrescente o alho e a cebola e deixe refogar em fogo baixo, mexendo sempre com uma colher de pau para não grudar na panela. Respingue um pouco de água quando for necessário, acrescentando o arroz e deixando fritar, depois que a água secar e o pequi estiver macio. Junte água, sal e quando o arroz estiver quase pronto, coloque a pimenta de cheiro ou malagueta a gosto. Na hora de servir, jogue salsa e cebolinha e um pouco de pimenta no arroz.
A todos um bom apetite!
Barbosa Nunes, advogado, ex-radialista, delegado de polícia aposentado, professor e Grão Mestre da Maçonaria Grande Oriente do Estado de Goiás